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QUAIS SÃO AS RESPONSABILIDADES E POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO FRENTE ÀS QUESTÕES DE GÊNERO E VIOLÊNCIA?

Se a violência de gênero consiste em uma relação de poder entre a dominação masculina e a submissão feminina, e os papéis impostos são provenientes da socialização (Tales & Melo, 2003 apud REIS, T.L. et al., 2020) – É imprescindível que o psicólogo compreenda tais estruturas. Nesse sentido, o profissional poderá desvelar e superar ideias patriarcais, que podem, inclusive, prejudicar o atendimento das vítimas. Ampliar os conhecimentos a respeito das possibilidades distintas de contextos, gêneros, tipos de violência é, pois, importante para um trabalho universalizante e atento às particularidades de cada um.

Além disso, é necessário que a mulher em situação de violência ressignifique as violações de sua integridade e as humilhações, por isso o psicólogo deve sugerir que esse conflito possa ser solucionado/rompido. Dessa forma, amparado no Código de Ética e na legislação brasileira, ele deve acolher, analisar e auxiliar no desenvolvimento de condições para evitar ou superar ciclos violentos. Sendo assim, o profissional cumprirá a responsabilidade social com os direitos humanos – ao articular formas não só de promover saúde, mas também de combater a violência contra a mulher.

 

Para tanto, é necessário que o psicólogo não atue sozinho, mas em uma equipe multiprofissional inserida em uma rede de atendimento (CFP, 2012) – que irá ser capaz de prover cuidados psicológicos, físicos, sociais, jurídicos, entre outros. Dentro desse prisma, será indispensável a qualificação e sensibilização dos evolvidos, já que irão lidar com questões complexas que exigem cautela. Isso contribuirá, então, para um atendimento humanizado, empático.

 

No entanto, por que devem ser considerados todos esses cuidados? Entre outros fatores, a mulher em situação de violência pode manifestar muitos tipos de sofrimento psíquico devido ao trauma – que levam à baixa autoestima, a sentimentos de incapacidade/perda, à comprometimentos cognitivos, sociais, afetivos etc. Ademais, pode expressar a necessidade do consumo de drogas, apresentar doenças crônicas e danos ao organismo (CFP, 2012). É evidente, após essas considerações, que o adequado seria uma equipe especializada para suprir todas as demandas da situação.

 

Inserido nessa realidade, o psicólogo deve utilizar técnicas de escuta ativa voltadas à esfera social e aos saberes clínicos, articulando, assim, uma clínica ampliada (Monteiro, 2012 apud REIS, T.L. et al., 2020). Desse modo, o foco de intervenção será mais diversificado, o que, consequentemente, facilitará a criação de um ambiente terapêutico, tão importante para a tomada de consciência da realidade vivida. Nessa lógica, poderá ser construído uma esfera crítica e funcional, mediada pela abordagem psicológica, que irá fortalecer as subjetividades e produzir mudanças na vida do indivíduo violentado (CFP, 2012). Por fim, existem alguns trâmites importantes que acompanham os serviços de atendimento às mulheres, são eles: a) o acolhimento, que é a aproximação e inclusão na rede; b) o planejamento, mobilizado para resolução do ciclo violento; c) o encaminhamento, que é a condução de um serviço para outro; d) o acompanhamento, ou seja, o monitoramento; e) o estudo de caso, um propulsor do planejamento, em que compreende-se a situação; e, por último, f) a produção de documentos, quando exigidos pelo poder judiciário, por exemplo (CFP, 2012). Diante disso, é possível compreender que os psicólogos estão inseridos em um plano de ação imprescindível e complexo para o combate à violência contra a mulher. Cabeas vítimas, portanto, buscarem ajuda para que possam recuperar a qualidade de vida.

 

 

Referências

DA SILVA, C.M; CAMPOS, N.P.S.; REIS, T.L. A violência contra a mulher: Atuação do psicólogo às vítimas. Revista Mosaico, v.11, n.1, p. 100-106, 2020. Disponível em: http://editora.universidadedevassouras.edu.br/index.php/RM/article/view/2081

 

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) em Programas de Atenção à Mulher em Situação de Violência. Brasília: CFP, 2012. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wpcontent/uploads/2013/05/referencias-tecnicas-para-atuacao-depsicologas.pdf

 

CÓDIGO de Ética Profissional do Psicólogo. Conselho Federal de Psicologia. 2005. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-eticapsicologia.pd

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